quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Entrevista com Dedé

Depois do sucesso da entrevista com o armador Ricardo Fischer (que você pode conferir novamente aqui), chegou a vez de Dedé.

O ala/armador joseense veio para São José no "pacotão de contratações" para esta temporada para reforçar e levar o São José Basketball/Unimed/Vinac mais longe neste NBB4.

Muito descontraído e atencioso, de chinelos, bermuda e regata, Dedé nos atendeu nas imediações da Associação Esportiva São José, sentados em uma cadeira plástica, no salão do Bar do Jordão ao lado das piscinas após o treino da tarde, o jogador joseense respondeu as perguntas dos torcedores sobre sua carreira, seleção brasileira, seu irmão, suas amizades e mandou aquele recado para a torcida joseense.

Confiram agora, na íntegra, a entrevista de Dedé:

Nome: André Stefanelli Martins
Nascimento: 21/08/1984 em São Paulo - SP (27 anos)
Altura: 1,98 cm
Número na temporada 2011/12:  #8

Blog São José Basketball: Há quanto tempo joga basket profissionalmente:

DEDÉ: Jogo basket desde os 10 anos de idade mas profissionalmente jogo desde 2001, quando fui para Araraquara e desde então estou no basket profissional

SJB: Dentre estes anos, algum dia aconteceu algo que te desmotivou e te deixou com vontade de parar de jogar para sempre? (Pergunta do leitor Fernando)

DEDÉ: Não, nunca tive isso. O basket me motiva todos os dias e a relação que eu tenho entre o basket é incrível! a emoção e o sentimento que ele me trás, por enquanto ainda não achei algo que substituísse isso.

SJB: Você acha que a presença da torcida influência muito nos resultados conquistados fora de casa? (Pergunta do leitor Fernando)

DEDÉ: Sem dúvida nenhuma! Eu joguei no Paulistano que é um clube que não tem muita torcida,que é uma torcida diferente e também joguei em Franca que é um clube com muita tradição, que tem uma torcida e um ginásio muito grande, com um torcedor bastante fanático e agora em São José, que até me surpreendeu bastante a torcida, o quanto gostam e entendem de basket e o que posso dizer é que ajuda demais, quando se joga fora e vê eles chegando nos lugares é um motivo a mais para você jogar mais e se entreter mais e dar seu melhor.

SJB: Qual foi o fator que o influenciou em trocar Franca por São José? (Pergunta da leitora Roberta)

DEDÉ: Os jogadores que a equipe tem são muito meus amigos, caso do Jefferson, Fúlvio, Murilo, Matheus, quando houve esta transição, nós conversamos quase todos os dias até eu acertar aqui e acho que isso ajudou bastante E por eu estar próximo de São Paulo, minha cidade natal e minha família estando bem próxima. Foi uma série de motivos que ajudou e eu estou bastante feliz pela escolha que fiz.

SJB: Você ainda pensa em vestir a camisa da Seleção Brasileira?

DEDÉ: Sem dúvida nenhuma! Foram quase 8 anos servindo a seleção pelas seleções de base todas, o ano que eu fui pra Franca realmente foi o ano que joguei um pouco menos e fiquei mais apagado, tendo pouco tempo de quadra e foi justamente o ano que fiquei fora da seleção. Vim pra São José pra buscar meu espaço, sei que é difícil pois a seleção tem crescido bastante com uma base que fez um trabalho incrível classificando para as Olimpíadas mas quero buscar meu espaço e estou trabalhando para isso pois sei que é o lugar onde eu posso alcançar isso.

SJB: Qual sua opinião sobre os jogadores que se recusam de defender a Seleção Brasileira, como recentemente o caso de Nenê e Leandrinho no Pré-Olímpico? (Pergunta do leitor Fernando)

DEDÉ: O caso do Nenê, eu nunca tive muito contato com ele e acho que ele deve ter seus motivos particulares e prefiro não julgar também por ser atleta, o Leandrinho eu convivi com ele nos últimos dias antes de dizer não à seleção e realmente ele tem um problema crônico no punho que é um problema de anos e o motivo de ter recusado foi esse, eu te falo isso pois ele é um amigo pessoal e tenho certeza que ele disse não por este problema e não por não querer defender a seleção, pois ele quer e muito.

SJB: Você disse uma vez que tinha vontade de jogar na Europa, ainda pensa em jogar fora do Brasil? (Pergunta da leitora Fabiana)

DEDÉ: Meu avô é espanhol e eu gosto muito da Europa e da Espanha como país pra viver, saindo do Brasil, seria um país que gostaria de viver. já me adaptei por lá, fui algumas vezes e gosto muito do povo espanhol, de como é a cultura de lá. Pensava quando era mais novo até pelo mercado que era melhor, pela oportunidade, ter mais visão e o jogo de lá é mais diferente e os jogadores de lá são mais visados pela NBA por ser um campeonato mais forte mas hoje, o Brasil é o melhor pra mim. Sair do Brasil seria apenas pra jogar na ACB e é um pouco difícil por ser um pouco mais velho e por eles procurarem mais os jogadores dos EUA, por serem um dos melhores do mundo. O mercado brasileiro, para chegar lá é um caminho extenso, que foi o caminho que o Huertas fez, começando desde novo em equipes de menos expressão e hoje já joga no Barcelona que um time de expressão mundial. Pra mim eu teria que sair daqui direto pra ACB porque para jogar uma divisão à baixo financeiramente não seria muito bom e por termos de visibilidade, o Brasil tem um campeonato muito bem organizado então não penso em sair, penso em ficar aqui e crescer no Brasil.

SJB: Em sua vinda para SJCampos, como foi sua adaptação na cidade? (Pergunta da leitora Roberta)

DEDÉ: Foi tranquila, eu gosto de cidades grandes, nasci em São Paulo e sou acostumado com a cidade grande, vim de Franca, que é uma cidade um pouco pequena e não tinha tanta liberdade de sair e me senti um pouco incomodado com isso. Aqui em São José é bem tranquilo, a cidade é grande e tem tudo para se fazer aqui, tem um cinema legal, tem bastante restaurantes para jantar que gosto muito e por ser perto de São Paulo, 40 minutos de lá então quando tem um dia de folga eu vou pra casa dos meus pais, pois gosto de ficar bastante com eles lá então a adaptação foi bem tranquila.

SJB: Como é a relação com seus companheiros de equipe, tanto dentro quanto fora de quadra?

DEDÉ: O time deu, como chamamos, uma "liga" muito boa até pelo respeito que temos por todos, na hora de cobrar, sabemos que é para o bem e na hora de elogiar a gente elogia porque conhecemos um ao outro e sabemos que não tem nenhum estrelismo aqui. Amizade é impossível não ter, sempre estamos juntos, saímos pra jantar juntos, vai um na casa do outro e principalmente eu que não sou casado, não tenho namorada nem nada estou mais na casa dos casados se não eu fico muito sozinho aqui, a relação é muito boa com todo mundo, às vezes temos uma brigas dentro de quadra mas nada que supere a amizade que temos.

SJB: O que achou da torcida joseense, quando na estréia do Campeonato Paulista contra a equipe do Jacareí Basketball, na cidade de Jacareí, pouco mais de 200 torcedores foram acompanhar a equipe, principalmente naquele jogo que era sua estréia com a camisa do São José?

DEDÉ: Eu sabia que tinha uma rivalidade muito grande com Jacareí e até falei para meus pais não irem no jogo que poderia ser perigoso e eu esperava que a torcida não fosse, me surpreendeu demais. Foi um jogo que abrimos uma vantagem boa mas depois eles encostaram no placar por ser primeiro jogo do campeonato, a equipe ainda estava fora de ritmo. Não só em Jacareí mas em todos os jogos que a torcida compareceu, principalmente lá em São Paulo na final contra o EC Pinheiros me surpreendeu muito. Quando você vê uma torcida que quer, que está junto e eu em quadra tentando fazer de tudo pra ajudar mas infelizmente não consegui. Se for falar alguma coisa da torcida só tenho à falar coisa boa, na hora de cobrar ela cobra, na hora de aplaudir ela aplaude e o incentivo que eles dão é bem maior que qualquer cobrança e acho que isso vem ajudando muito a equipe, em uma parcela muito grande dos jogos.

SJB: Como foi ficar de fora da final do Campeonato Paulista e ver os jogos do banco? (Pergunta da leitora Fabiana)

DEDÉ: Nos dois primeiros jogos eu tentei jogar mas estava sentindo muita dor e não consegui ajudar. É um pouco frustrante, eu trabalhei o campeonato inteiro pra chegar na hora boa, na hora do "filé-mignon" como todo mundo fala e jogar para dar minha parcela. Eu acho que todo jogador queria jogar uma final, não entra na minha cabeça alguém ficar de fora de uma final porque acho que é muito bom você ver o clima que tem na quadra, eu tava ali pra ajudar da maneira que pude, incentivando, fiz o que pude fazer e a equipe chegou onde pode.

SJB: Você já havia sido vice-campeão paulista com o Paulistano, vice-campeão paulista e brasileiro com o UniAra/Araraquara e com Franca antes de ser vice-campeão com o São José, o que você acha que faltou para conquistar estes títulos depois de chegar bem perto por todas estas vezes?

DEDÉ: Desde 2003, quando foi minha primeira final até esta final de 2011, se passaram 8 anos. Nestes 8 anos eu cheguei à 5 finais, eu acho que alguma competência tem nisto, por estar sempre participando e sendo efetivo no time, somente nos vices com a UniAra que não fui muito efetivo. Eu acho que, quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho, basquete é detalhe, basquete não tem sorte ou azar, basquete leva quem erra menos e tem mais competência na hora. Infelizmente o time não teve essa competência de chegar e ganhar na final nos times que eu jogava. Sinto que o título está bem perto e eu me sinto muito vitorioso em minha carreira porque se for ver no basquete, tem muitos jogadores que nem se quer do primeiro play-offs passaram e eu já cheguei a 5 finais. Estou ficando calejado já, de tanto bater na trave assim uma hora eu começo a marcar alguns golzinhos.

SJB: Você tem um irmão que também foi jogador, o Rodrigo, e você já jogou com ele, como foi esta experiência? (Pergunta da leitora Fabiana)

DEDÉ: Joguei com ele no Paulistano e hoje ele não joga mais, ele resolveu procurar outra coisa pra vida dele, tem dois filhos e ficou difícil continuar jogando basket mas meu irmão foi meu exemplo de vida, ele é meu exemplo como pai, admiro muito o que ele faz com a família dele, sou fã dele desde moleque, já dei outras declarações falando isso. Jogar com ele junto foi muito gratificante, queria ter jogado mais e gostaria que ele fosse mais efetivo na equipe junto comigo mas infelizmente ele teve que ir pra outro caminho mas fico feliz pelo caminho que ele escolheu e tenho certeza que ele vai se dar bem. As coisas que passei com ele, as experiências quetive de jogar com ele foi coisa que vão marcar pra sempre na minha vida.

SJB: Você tem algum ídolo no basquete? Tanto jogador quanto treinador:

DEDÉ: Aqui no Brasil, técnico sou fã do Rubén Magnano (treinador da Seleção Brasileira), tive a oportunidade de trabalhar com ele coisa de 2 meses e o trabalho que ele fez foi incrível. Aprendi muito em pouco tempo e vi que ele é um cara diferenciado. Jogadores existem muitos que eu admiro o trabalho, tem grandes jogadores no Brasil que eu admiro muito o trabalho mas fã mesmo eu sou fã do meu irmão! (risos)

SJB: Mande um recado para a torcida joseense:

DEDÉ: Eu queria agradecer primeiro tudo que a torcida tem feito que é incrível e dizer que o NBB é um campeonato muito difícil, o basquete no Brasil está muito forte mas continuem assim que vocês são aquela coisa a mais que sempre incentiva naquele momento difícil. Obrigado a todo mundo e obrigado mesmo pra Roberta que é uma fã assim, mais especial que sempre tá falando lá, gritando na quadra e aquilo não atrapalha nada não! Se eu pudesse falar o nome de cada um eu falaria e agradecer a cada um eu agradeceria mas fica ai um abraço especial para cada um de vocês e obrigado pela recepção que estiveram comigo e pelo carinho que vocês tem comigo e com todos da equipe!

O blog São José Basketball, em especial em nome de Felipe Viana e Fabiana Viana agradecem à você Dedé, por disponibilizar alguns minutos de seu tempo para responder nossas perguntas e esclarecer a dúvida de mais alguns torcedores. Desejamos à você e à toda a equipe muito boa sorte neste NBB e que chegaremos longe! #ValeuDedé

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